quinta-feira, 12 de novembro de 2009

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL - E


Sabemos que a maioria dos jovens e adultos que freqüentam classes da EJA, são pessoas que sofreram algum tipo de discriminação, exclusão escolar na infância e ou na adolescência. São alunos trabalhadores e, muitas vezes começaram a trabalhar ainda quando eram crianças, pela necessidade de auxiliar na renda familiar.
São pessoas letradas, devido as funções diferenciadas que ocuparam, bem como auxiliadas pelo contato que as relações pessoais lhes proporcionaram ou então pela aprendizagem via escola ou treinamento destas funções.
Com base nestes conhecimentos, onde os educandos buscam resgatar sua dignidade, sua autonomia, e sua auto-estima, como educadores somos desafiados a lançar um olhar diferenciado em relação ao que temos com as crianças e adolescentes. Segundo Marta Kohl de Oliveira, os jovens e os adultos carregam consigo uma bagagem de conhecimentos acumulados, de experiências de vida, apresentando diferentes tipos de habilidades e muito maior capacidade de reflexão sobre conhecimentos e seus próprios processos de aprendizagem.
Um dos pontos que a autora chama a atenção e que concordo plenamente é quanto a capacitação do professor, a adequação da escola, currículos, programas e métodos de ensino para EJA. Enquanto estes itens não forem diferenciados dos empregados com crianças, continuará o alto índice de evasão e repetência , pela falta de sintonia entre o ambiente escolar e o aluno.
É uma humilhação para um jovem ou adulto ter de estudar como se fosse criança, renunciando a tudo o que a vida lhe ensinou. É preciso que este aluno seja respeitado ,utilizando-se métodos apropriados, resgatando a importância de sua biografia.
Estes alunos já foram desrespeitados uma vez quando tiveram negado seu direito a educação., portanto, quando decidem retomar sua instrução não é justo que sejam humilhados mais uma vez, por metodologia que lhes nega o direito a resgatar sua história , a afirmação de sua identidade e sua cultura.
Mareta kohl ( PROFA, 2000) diz que “ o adulto tem conhecimento acumulado, tem uma relação com o mundo que é muito mais sofisticada do que a das crianças. Não é sofisticada em termos de escolares, mas é em termos de desenvolvimento humano . A escola precisa estar ajustada a esta cabeça adulta”.
Enfatizo também a necessidade de um educador bem formado, capaz de ouvir, argumentar, mas permitir que o educando se torne um cidadão crítico e determinado, com vez e voz.
.Freire criticava o conhecimento bancário, por definir que ao educador não cabe nenhum outro papel que não o de disciplinar a entrada do mundo nos educandos. Seu trabalho será também o de imitar o mundo. O de” encher” os educandos de conteúdos. Ainda Freire, afirmava que educandos e educadores são sujeitos ativos na pratica educativa, e que mesmo os analfabetos fazem cultura sem nunca terem ido a escola tanto quanto os que por ela passaram.