domingo, 25 de outubro de 2009

LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS - EAD - E

Quando iniciei minha carreira profissional como professora,, tinha uma resistência muito forte quanto a receber em sala de aula aluno com deficiência auditiva. Minha primeira experiência foi em 1980, quando trabalhando em escola unidocente fui desafiada a alfabetizar uma aluna surda. Esta aluna emitia sons, mas era totalmente surda. Parti para o reconhecimento e o registro dos “sinais caseiros”, considerando-os como um elemento cultural, pois deixava transparecer a cultura do grupo social onde a aluna estava inserida, apresentando sua identidade através de marcas de expressão oral ou não.
A cada dia sentia necessidade de sistematizar e incorporar os gestos criados pela família e ou grupo social, legitimando essa forma de comunicação, de modo a permitir a comunicação entre os integrantes da comunidade escolar.
As pessoas que não escutam, não podem ser consideradas mudas, pois emitem sons.
A pessoa surda consegue se comunicar normalmente pela língua brasileira de sinais (LIBRAS), que não é mímica, mas sim uma língua natural, gestual e visual, com expressão não só facial como corporal permitindo a expressão de idéias, sentimentos e emoções. Através de vivência familiar com pessoa surda, passei a perceber que os portadores de surdez tem direitos e deveres iguais aos ditos “normais”, apenas desenvolvem potencialidades psicológicas e culturais próprias.
Observando minha sobrinha, uma menina com nove anos de idade, portadora de deficiência auditiva,percebo a capacidade de comunicação pela língua de sinais, a facilidade em formular raciocínio lógico, a habilidade em criar, o equilíbrio e o ritmo, concluindo que a surdez não a impossibilita de desenvolver suas potencialidades.
No caso, se tivermos alguém que interprete a língua de sinais, a comunicação se torna bem mais fluente e aperfeiçoada,porem quando não há interprete, é indispensável o contato visual, para já a leitura labial.




LINGUAGEM E EDUCAÇÃO - E

Vejo o espaço escolar como sendo o espaço de sala de aula, onde professor e aluno interagem num mesmo processo de ensino-aprendizagem.
Sabemos que o aluno ao chegar à escola, traz consigo uma bagagem de conhecimentos, uma cultura social adquirida com a família e com o contexto social onde convive, portanto sendo um ser letrado. Os conhecimentos adquiridos sem que haja contato com a língua escrita, precisa ser diagnosticado, valorizado e explorado pelo professor. É indispensável que o educador busque conhecer a realidade de cada aluno, seus conhecimentos, hábitos, atitudes e capacidade para então procurar alfabetizá-lo, não apenas ensinando a codificar e decodificar mensagens, mas envolvendo a escrita em situações sociais.
Muitas vezes deixamos esvaziar o currículo do letramento social, fazendo uso quase que exclusivo da alfabetização como sendo um processo de aquisição de códigos, letras e números. Alfabetização e letramento, embora sendo distintos, são interdependentes e indissociáveis, assim a alfabetização só tem sentido quando desenvolvida em um contexto de praticas sociais de leitura e escrita, ou seja, num contexto de letramento.
Exigimos que nosso aluno se aproprie de determinado conhecimento para assim ser valorizado e obter êxito na escola. Nós, quanto educadores, somos responsáveis pelo desenvolvimento ou não do senso critico do aluno, adquirido através do letramento social, portanto cabe a nós a tarefa de incentivar nosso aluno a exercer tarefas com responsabilidade, participando de atividades em casa ou na escola, para que assim construam suas próprias aprendizagens.
Para que a escola realmente esteja envolvida com o “ letramento social”, é preciso que admita a pluralidade das práticas letradas, dando valor ao seu significado cultural e ao contexto de produção.
Paulo Freire protestava contra” a alfabetização puramente mecânica” e advogava uma “alfabetização direta e realmente ligada a democratização da cultura” (1975,p.104).

DIDÁTICA, PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO - E

Ao repensar as marcas que as praticas pedagógicas deixaram em minha vida profissional, no decorrer destes quarenta anos de magistério, sem incluir minha vida como estudante, descobri que muitos de meus atos, minhas idéias, minhas marcas foram herdadas e adquiridas. Digo isto, porque hoje compreendo que muito do que faço é apenas uma continuação do que aprendi desde o primário e que marcaram minha vida. Cito como exemplo a hora do conto, onde nós crianças tínhamos a oportunidade e o direito de relatar histórias reais e ou imaginárias. Tenho como marca visível em minha sala, o respeito pelo aluno, por suas limitações, suas dúvidas, medos e anseios, isto é resultado do tempo de primário, quando eu aluna da 4ª série entrava em pânico quando precisa ir ao quadro fazer qualquer tarefa.
A professora, com respeito e bondade tentava me incentivar dizendo que eu lia bem, escrevia corretamente, que não precisava ficar nervosa. O que ela não percebia era que eu vinha de uma família muito pobre, nunca notou que eu vinha descalça motivo pelo qual me negava a ir diante da turma.
Cito isto apenas para frisar o quanto nós educadores temos o dever de conhecer a realidade do aluno para oferecer um atendimento individualizado. A cultura da minha família era diferente das demais, não tínhamos luz elétrica, como saberíamos discutir novela ou futebol que os demais ouviam no rádio? Eu, como muitos de nossos alunos ficava “”a margem”, isto me machucava muito, prejudicava minha aprendizagem , não conseguia me comunicar, me sentia ridicularizada.
Acredito que foram estes desafios que despertaram minha vontade de vencer, meu interesse pelo magistério, onde posso contribuir para o desenvolvimento integral do aluno.
A partir da primeira atividade “o menininho” de Helen Buckley, pude fazer uma análise do quanto nós professores influenciamos positiva ou negativamente na vida de nossos alunos. Percebo que os ensinamentos de hoje, muito tem a ver com os ensinamentos de Comênio (1592). Cito o respeito, à capacidade de compreensão do aluno, a pratica de motivação, o incentivo à pratica do aluno solidário, o relacionamento harmonioso entre discentes e docentes.